10 poetas paraenses que vão conquistar seu coração!

Fotografia de Nayara Jinknss (Namorados), Belém do Pará.
 
A poesia produzida no Pará é muito rica e gostosa de se ler. Grandes nomes como Max Martins, Antonio Tavernard, Jaques Flores, Vicente Salles, Olga Savary, Paes Loureiro, Bruno de Menezes e tantos outros marcaram a história da poesia parauara. Hoje, no entanto, vou falar sobre dez poetas contemporâneos cujas obras são verdadeiras ambrosias para a nossa alma. 
Obviamente, é uma seleção pessoal, de alguém que lê e aprecia a Literatura Paraense há muitos anos. E é somente uma lista, não é um ranqueamento. Minha intenção aqui é somente apresentar essas belas vozes poéticas ao público leitor, não é classificar ou engessar as literaturas dessas pessoas ou silenciar aqueles que não aparecem aqui. Pois bem, vamos lá!

* * *

ANTÔNIO MOURA



Antônio Moura nasceu em Belém do Pará, residiu em São Paulo, Lisboa e atualmente vive em Belém. Poeta e tradutor. Tem oito livros publicados: cinco de poesia e três de tradução: Dez (Super Cores – Belém, 1996); Hong Kong & outros poemas (Ateliê Editorial – São Paulo, 1999); Rio Silêncio (Lumme Editor – São Paulo); A sombra da Ausência (Lumme Editor São Paulo); Quase-sonhos (tradução de Presque-songes, de Jean-Joseph Rabearivelo – Lumme Editor – São Paulo, 2004); Traduzido da noite (tradução de Traduit de La nuit, de Jean-Joseph Rabearivelo – Lumme Editor, São Paulo 2007), Contra o segredo profissional (tradução de Contra el secreto professional) de César Vallejo – Lumme Editor – São Paulo 2006) e A outra voz (Patuá, 2018).

Em 2008, o seu livro Rio Silêncio recebeu o Prêmio John Dryden, na John Dryden Translation Competition (Londres – Inglaterra), em tradução para o inglês de Stefan Tobler.

Saiba mais sobre o autor NESSE SITE.

Leia um dos seus poemas (A outra voz, 2018):

Tanto quanto

*

Um tanto de mentira, um quanto de verdade, assim
vai se erguendo o mito, teia entretecida com os fios
da vida e da irrealidade, boca a boca, ouvido a ouvido
e algumas manchas de escrito, assim vai-se fazendo
do finito, infinito  —  uma palavra e um caminho que
sem se salvar do tempo consegue escapar do olvido, vida
e arte entrelaçadas em grandes travessias de oceanos,
pequenos barcos por furos dentro das matas, algumas
visões extraordinárias, muito de banal e cotidiano, e
no meio da vegetação emaranhada, no centro da clareira
borbulha o caldeirão da feiticeira, o aroma do amor, suas
especiarias misturadas ao odor azedo da dor  —  gordura fria
e fundidos no ar o olor das flores e o odor das fezes,
nuvens saindo dos olhos dos demônios e dos deuses
para chover e forjar o humano jardim que floresce
e apodrece, floresce, apodrece, floresce, apodrece,
floresta queimando num tempo tenebroso em que os uivos
dos famintos e refugiados ecoam pelos cômodos das casas
e em contraponto reverberam sobre o silencio que cobre
os corpos mortos dos nossos vizinhos índios, pretos, pobres,
almas vagando pelos cômodos cômodos de nossas casas,
ecos incômodos pelos cômodos cômodos de nossas casas.
A página escurece, o estrondo de um meteoro soa na sala
e entre os astros e o desastre ergue-se o rumor do mito,
a doce mentira, o sal da verdade, a vida, a arte  —  o grito


Seu livro "A outra voz" pode ser adquirido AQUI.


AIRTON SOUZA


Airton Souza é poeta e professor paraense, nasceu na cidade de Marabá, já no início da década de 80, junto com a efervescência da exploração do ouro em Serra Pelada. É licenciado em História, pela Uniasselvi e em Letras – Língua Portuguesa, pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. Possui uma militância em prol da disseminação do livro, leitura e literatura nas regiões do Sul e Sudeste do Pará, sendo um dos organizadores do Sarau da Lua Cheia, do Papo Literário, do Projeto Tocaiúnas, do Projeto Poemando e realizando oficinas de leituras e escritas literárias. Além disso, publicou 12 livros de poemas solos, tem participação em mais de 55 antologias literárias e alguns livros inéditos. Já venceu alguns prêmios literários, entre os quais merece destaque o Prêmio Dalcídio Jurandir de 2014, com o livro ser não sendo, o IV Prêmio Proex de Arte e Cultura, com o livro Manhã Cerzida, Menção Honrosa no Prêmio LiteraCidade 2013, com o livro Face dos Disfarces.
Leia um dos seus poemas:
na rua dois meninos
com línguas de atravessar dilúvios
sulcam alguma calamidade do chão
[ como quem limpam ossos
sem pensar nas dores dos donos ]
na tentativa de desanoitecer a infância

mesmo que esses dois meninos
conduzissem um índico inteiro nos olhos
ainda seriam pequenos para compreenderem
os órfãos que sonham todas as noites
com um inventário dos pais
& os epílogos de chãos sem túmulos

só os órfãos sabem
que não basta internalizar razões ou rostos
lavrar a carne depois da igreja vazia
é preciso redesenhar as tragédias
do mar sem porto ou margens. 


Você pode adquirir os livros falando diretamente COM O AUTOR.


PAULO NUNES


Paulo Nunes é paraense de Belém. Professor da Universidade da Amazônia, Belém, Pará; estuda autores da lusografia: africanos de língua portuguesa e os afropararenses, bem como a literatura brasileira de expressão amazônica. Seus poemas foram publicados nos livros Ou: poemas não são linguagens (2007) e Traço Oco (Penalux, 2018), este último semi finalista do Prêmio de Literatura Oceanos.


Leia um dos seus poemas (do livro "Traço Oco"):

Do Pão

“...Minas é uma fotografia na parede, mas como dói...”
(Carlos Drummond de Andrade)
“Belém é um pequiá suculento...” (Dalcídio Jurandir)

Para Maria de Belém Menezes e Maria do Céu De Campos Jordy

És casa, sim e me desvelas
à beira do teu abismo.
És casa, fui e voltei,
Sinal afoito de um reparo no assoalho
(tábua amarela e preta):
fruto da mangueira e o paneiro para pegá-la.

Obturas, casa, sem eira nem beira,
os ontens meus,
Arsenal, sinais da vacaria,
Hospital onde nasci,
o Recreio da Armada
sob auspícios do Paco,
Hoje, fincamos nossa nau no bar do Bacu
para beijar o luar.

Casa combalida, tresoitada,
Malacabada fome, mofina de arquiteturas
banguelas.
Se me convertes no teu rio
eu te assovio, barro sobre sabre,
bairro do Umarizal dos pretos e
nem mais aquela flâmula encarnada
na esquina.
Não à vela de Nossa Senhora das Candeias
na janela da casa de palha
Não ao batuque de Ogum-Jorge, mestre de meu pai,
Lança e poder de me nominar.

Cidade, és o banho de cheiro
de minha avó vinda de longe, o Marajó.
És a “tienda” da outra, a das castanholas.
Cidade: pés, sovela e a agulha
de meu avô, o sapateiro.
Ainda guardas os envelopes de papel de cheiro
do Pará da tia que cruzava tuas esquinas?
A máquina Singer da mãe ainda tramela
seus moldes e bainhas numa rua tua, fantasma.

Casa, se não tens mais castanheiras
em teus brincos já não circundo o igarapé
que fora teu, esconderijo das armas, das Almas,
hoje podre aroma de ricos, salvos pela frescor da Phebo.

Cidade,
casa de meu cômodo,
arraial de meus incômodos, Belém, o osso buco de roer.  

O livro "Traço Oco", de Paulo Nunes, pode ser adquirido NESTE SITE.


MAYARA LA-ROCQUE
Escritora paraense, ministra cursos de criação literária. Em 2014, participou da Antologia Literária do III prêmio PROEX de Literatura da Universidade Federal do Pará e, em 2015, ganhou em primeiro lugar a quarta edição do mesmo prêmio, na categoria contos. Em 2016, produziu o livro artesanal “Atravessa a tua viagem” à exposição Alfabeto de ficções, da Associação Fotoativa (Belém-PA). Em 2017 escreveu a plaquete "Uma luminária pensa no céu", publicada pela Editora Escriba. 
Leia um dos seus poemas:
Lâmina

Dizem que tudo começa na infância
O raio
O espectro
A ave
O cedro

A órbita do tempo
se revira nas minhocas
soterradas no estrume

Canta um galo
ao longe
E no ouvido
freme um zumbido
de aurora

Enquanto homens e mulheres
acimentam o chão,
eu lavro uma terra
esquecida

Não sigo os lampejos
as latarias
o trânsito
e os sinais
do mês de dezembro

O sino que toca é outro
Poucos podem ouvir
Porque está além
do cimo das igrejas

ele toca nas quinas
na curva metálica
da janela
sobreaquecendo
ao sol

onde seca o orvalho
nasce sempre
outro tempo

A cada manhã
tem uma lâmina
afiada
Queimando
Evaporando
A água
A sede
– sempre a última gota –
Que tu trazes na memória. 



ANTÔNIO JURACI SIQUEIRA


Antonio Juraci Siqueira nasceu em 28 de outubro de 1948 em Cajary, município de Afuá no Pará, onde, ainda menino, descobriu a literatura através dos folhetos de cordel. Aos 16 anos mudou-se para Macapá (AP) onde casou-se, prestou serviço militar e concluiu os estudos de segundo grau. Em 1976 mudou-se para Belém graduando-se em Filosofia em 1983 pela UFPa. Pertence a várias entidades lítero-culturais, entre estas a União Brasileira de Trovadores, a Malta de Poetas Folhas & Ervas, a Academia Brasileira de Trova e o Centro Paraense de Estudos do Folclore. Atua como oficineiro, performista, contador de histórias e publicou mais de 60 títulos individuais entre folhetos de cordel, livros de poesias, contos, crônicas, histórias humorísticas e versos picantes. Colabora com jornais, revistas e boletins culturais de Belém e de outras localidades e conta com mais de 200 premiações em concursos literários em vários gêneros, em âmbito nacional e local.

Leia dois dos seus poemas:

MARÉ DE PONTA

Se o meu poema não ranger os dentes
nem te mostrar as garras,de que vale?

De que vale um poema ensaboado
cheirando a talco e água de colônia?

Para que um poema não-me-toques
metido abesta, e nariz empinado?

Poema tem que ser faca de ponta
zagaia, porantim, ferrão de arraia!

Poema pitiú com escama e lodo
armado de esporões e girassóis.

 * * *

ARTE POÉTICA

Hoje,
amanheci meio peixe,
meio pássaro.

Estou aprendendo a nadar,
tomando aulas de vôo
e aprimorando o canto.

Amanhã,
pássaro pleno,
insofismável peixe,
debulharei meu canto sobre a terra
em nados abissais

e vôos rasantes.

Você pode adquirir livros desse poeta clicando AQUI ou AQUI.


DAYANE FERREIRA

Dayane Ferreira é de Belém do Pará, atriz em constante formação, performer e arriscadora de movimentos de dança onde lhe possibilite investigar a liberdade no corpo e no ser. É adoradora de fotografia, das matas, de animais e de um monte de gente que faz cinema, sonha em fazer filmes, estando atrás e na frente das câmeras. Publicou o zine Abismo Líquido (2015), em produção independente. Em 2018, publicou o livro Desaguamentos de Cunhã, pela editora Escaleras.
Leia um trecho do prefácio da escritora Paloma Franca Amorim para o livro "Desaguamentos de Cunhã":
"Os poemas reunidos em Desaguamentos de Cunhã, apresentam a revelação de águas muito profundas e revoltas desse imaginário erótico tecido às linhas e agulhas da memória. Nas imagens, transfiguradas pelas palavras de Dayane Ferreira, o ente desejado está sempre fora e distante do desejante, como se liquefeito no prazer corporal, o sumo que escorre entre as pernas celebrando a pulsão de vida, bem como especulado no de travessia da memória em busca da reconstrução imaginativa amorosa.
Falo aqui do amor não no sentido do padecimento romântico, mas na medida de sua profanação, a radicalização do gesto amoroso do corpo e a experiência física e semântica da excitação pelo outro corpo, ou outros corpos."
Você pode adquirir o livro clicando AQUI.


GABRIELA SOBRAL

Gabriela Sobral é escritora de infância, após muitos anos de pausa, foi revisitando esta fase que voltou a escrever. Formou-se em jornalismo em Brasília, onde morou por sete anos e despertada pelo trânsito transpôs isso em linguagem. Expandindo-se, concluiu o mestrado em Preservação do Patrimônio Cultural pela Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Imergiu na literatura com a mediação do projeto Leia Mulheres na cidade de Belém e o projeto “Imaginárias - Um encontro entre narrativas imagéticas e literárias – com referência no trabalho de escritoras”, na Ilha do Marajó, contemplado pelo Prêmio de Experimentação, Pesquisa e Difusão Artística da Fundação Cultural do Pará. Atualmente, divide-se entre o trabalho com patrimônio cultural e a poesia. Em 2017, publicou o livro de poemas "Caranguejo", pela Editora Patuá.

Leia dois dos seus poemas:


CORTINA
Os historiadores não saem na linha de pagamento
Precisa-se de arqueólogos
Função: esqueletar a besta
Ela é grande e sorri
Taxionomia: de bem
Os cadernos passam rápidos sobre ela
destroem sua materialidade
a carbonizam
O objetivo?
fumaça
Somos testemunhas de seus restos
eles falarão sobre nós
E a vida continua. 
* * *
BICHO

Projeto de bicho
dizem: bicho do mato
porém, simpático
digo: bicho de lama
porém, afeita a banhos
As pedras não arranham
bicho de ferro
caia à vontade
porque: formada de dobradiças
lado e de lado
a volta é o próximo avanço
Que o tempo passe
porque: passarei dona dos lares
manipulável e reagente
O peito, ainda que orfandade,
virou mãe. 

O livro "Caranguejo" pode ser adquirido NESTE SITE.


CAROL MAGNO


Carol Magno é atriz, poeta, professora, estudante de Mestrado em Artes, blogueira. É mulher. E do seu percurso feminino e suas leituras de mundo fez poesia. Publicou, em 2016, o primeiro filho de suas incursões na escrita do ser mulher em todas as suas dimensões, uma provocação, um convite à liberdade do corpo e da alma femininas, o livro Feminino à Queima-Roupa, que vale muito a pena ser lido.

Leia um dos seus poemas:

Corra o risco

Quando sussurro verdades
não é sem alarde, sem agonia
é por saber que ninguém as dirá

verdade é faca cega, chibata
trabalho sujo sem remédio

pois palavras são laminadas
cirúrgicas ao cair da boca
engasgo certo pra se debater

dizer o que não se quer ver
é padecer na solidão
Não encontrei o livro à venda nas plataformas on-line, mas acho que vocês podem conseguir entrando em contato com a AUTORA.



VASCO CAVALCANTE



Vasco Cavalcante é paraense de Belém do Pará. Foi um dos fundadores do grupo de poesia alternativa Fundo de Gaveta, que se manteve na ativa entre os anos 1981 e 1983. Em 2015, teve seu livro de poemas Sob Silêncio publicado pela Editora Patuá. Em setembro de 2017, lança o livro de poemas Reverso dos dias, também pela Editora Patuá.

Leia dois dos seus poemas:



Leve-me então
ao improvável

à palavra muda

o estampido tácito,
o ar ausente, leve-me

aos espasmos da noite
aos anseios do sêmen

aos delírios

leve-me ao vazio,

mas

— deixe-me!

uma fresta, um lampejo de luz
algumas letras soltas

um verbo apenas,

então...

— gênese —

* * *

não há rio sob meus pés,
espelhos de limo e areia

profundezas
apagam luzes,
estrelas

um eco à céu aberto
retém o limo nas retinas

nada me atém
nada perdura

sou afeito às utopias 

Seus livros podem ser adquiridos NESTE SITE.



MARCOS QUINAN




Poeta, músico, artista plástico e de teatro, animador cultural e empresário das artes. Nascido em plagas goianas, não esconde o orgulho de ter escolhido a Amazônia como o chão propício para expandir sua inspiração que o fez aplaudido compositor, artista plástico e escritor.

Leia dois dos seus poemas:


Porto Velho

Esturro silencioso
Esbanjando rebojos
Perfumando o ar
Vestindo a mulher ausente
Que na lembrança mora

Madeira desce madeira
Despe meu olhar
Fincando nos olhos
A imensidão
Ferindo o tempo
Da minha angústia
Limpando as terras caídas
Que tenho no coração

Segue, segue ...
Em harmonia, ramaria
Bracejando lentas
Entre estridor
E raízes gemendo
Incendidas de embriaguez
Dançando nos cantos das margens

Revejo o Madeira
Descendo madeira
Emoldurando em seus mistérios
A sensual mulher ausente
Bramindo curvas
No desenho do pensamento
Entre meu olhar e o rio

* * *

Primavera

O verde engolia o silêncio
E invejava o instante
Inventando mormaços

Havia entrecortes de solidão
Espalhando ermos e sinais

Ali o inesperado
Era esperado
Entre suores e restos de adolescência
Como encanto conspirado
Em formas e zelos

Dois seres
Recitavam seus
Sins e nãos
Jurando um jeito de nascer

Um dos seus livros está disponível on-line NESTE SITE. Outro livro AQUI.

 * * * * * * * * * * * *

É isso aí! Espero que quem não conheça procure saber mais sobre a poesia desses talentosos poetas. E se tiverem sugestões de outros nomes da poesia parauara é só comentar aí que pesquisarei direitinho para uma eventual futura postagem. Abraços do Bertoni!

Comentários

  1. Lindão! Alguns eu já conhecia, pelo contato em alguns eventos, divulgação de seus trabalhos e cursos ministrados. Perfeita lista.

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  2. Belíssima lista, só ficaram faltando o Felipe Cruz e o Harley Dolzane. Mas listas são assim mesmo. Abraços e parabéns pelo trabalho.

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  3. Que ótima lista... Continuem, contem-nos mais, escrevam, publiquem, por favor!

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  4. Que lindo, a firca das palavras com uma fabulosa diversidade de estilos de escrita

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