10 escritores da Amazônia que você não pode deixar de ler!

Pintura do artista plástico Arildo Mendes, de Parintins, Amazonas.

A literatura produzida na região Norte do Brasil é, na maioria das vezes, subestimada ou tratada como exótica. Esse erro comum criou, num processo histórico, uma cultura de invisibilidade a quase tudo que se escreve na Amazônia. Poetas, romancistas, contistas, cronistas, todos de grande envergadura literária, mas translúcidos aos olhos da pequena massa leitora brasileira. Essa postagem traz alguns escritores nortistas (entre tantos) que produziram grandes obras literárias, nos últimos 100 anos, e que, por diversos motivos, caíram no ostracismo e na invisibilidade do mercado editorial (com exceção de Milton Hatoum, que se mantém firme e forte entre os escritores mais vendidos no Brasil). Todos esses, com seus estilos próprios, retratam a vivência amazônida, seja nos alagados ou nas periferias das grandes cidades, com uma qualidade literária invejável e merecem ser lidos e estudados, em todo o Brasil e fora daqui.


MILTON HATOUM

Nasceu em Manaus em 1952. Estudou arquitetura na USP e estreou na ficção com Relato de um certo Oriente, publicado em 1989 e vencedor do prêmio Jabuti de melhor romance do ano. Seu segundo romance, Dois irmãos, de 2000, mereceu outro Jabuti e foi traduzido para doze idiomas e adaptado para a televisão, teatro e quadrinhos. Com Cinzas do Norte, de 2005, Hatoum ganhou os prêmios Jabuti, Bravo!, APCA e Portugal Telecom. Em 2006, lançou A cidade ilhada, uma reunião de contos breves. Em 2008, sua primeira novela, Órfãos do Eldorado, foi adaptada para o cinema, e em 2013 teve suas crônicas reunidas em Um solitário à espreita. É colunista dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo. Em 2017, recebeu do governo francês o título de Officier de L'Ordre des Arts et des Lettres.

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DALCÍDIO JURANDIR


Nascido na Ilha do Marajó, em 1909, Dalcídio escreveu um conjunto de 11 romances, dos quais 10 formam o chamado Ciclo do Extremo Norte -- uma série literária que conta a saga de um menino marajoara chamado Alfredo, que sonhava fugir da pequena Vila de Cachoeira para completar seus estudos na cidade grande. A série inicia com o livro Chove nos campos de Cachoeira e finaliza em Ribanceira

Dalcídio é considerado o maior romancista da Amazônia e recebeu vários prêmios nacionalmente importantes como o Prêmio Dom Casmurro com o romance Chove nos campos de Cachoeira, Prêmio Paula Brito e Prêmio Luiz Cláudio de Souza com o romance Belém do Grão-Pará, e o Prêmio Machado de Assis, da ABL - Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra.
Sua literatura é marcante e poética, retratando de forma genial o cotidiano e costumes dos povos ribeirinhos da Amazônia.
A maioria dos seus livros estão esgotados por falta de reedição (o que é triste), mas é possível garimpar em sebos como o Estante Virtual ou outros do país e encontrar as principais obras. Recentemente uma pequena editora paraense iniciou um projeto de reedição dos seus livros e através de financiamento coletivo já reeditou os romances "Três casas e um rio", "Ponte do Galo" e "Os Habitantes". Agora, os livros Chove nos campos de Cachoeira e Chão dos Lobos poderão ser reeditados através de uma nova Campanha de financiamento coletivo que acontece no site Catarse até o dia 19 de dezembro de 2018 e visa arrecadar fundos para resgatar essas duas importantes obras.

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HAROLDO MARANHÃO

Haroldo Maranhão foi um prosador brasileiro, nascido em Belém do Pará, a 7 de agosto de 1927. Estreou com A estranha xícara (1968), ao qual se seguiram romances e volumes de contos como Voo de Galinha (1980), A Morte de Haroldo Maranhão (1981), O Tetraneto Del Rey (1982), A Porta Mágica (1986), Rio de Raivas (1987), Cabelos no Coração (1990) e Memorial do Fim (1991), entre outros. 

Boa parte da sua obra, hoje, é de difícil acesso. Sem reedições há décadas, seus livros são encontrados apenas em sebos.

Trata-se de um escritor brasileiro cuja literatura merece ser lida e estudada.

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JACQUES FLORES

Jornalista, funcionário burocrático da polícia civil e principalmente poeta de excepcional senso de humor no domínio da poesia, Jaques Flores (como gostava de ser conhecido o cidadão Luiz Teixeira Gomes, nascido em 1898) em Belém viveu a vida toda que terminou a 12 de dezembro de 1962. Precocemente órfão de pai, aos 15 anos de idade, saiu dos bancos escolares do Primário direto a uma oficina gráfica – e o convívio com livros que imprimia despertou nele o escritor e jornalista. O tipógrafo fez nascer o poeta.
Muitos de seus trabalhos permanecem espalhados pelas páginas de jornais e revistas, para os quais colaborou também sob outro pseudônimo que usava, “Zé Paraense”, desandando ferinas críticas sobre tudo e todos, particularmente contra os escândalos públicos.
Ocupou cadeira na Academia Paraense de Letras a partir de 1946. Embora casado e com seis filhos, nunca deixou de ser boêmio, a ingênua boemia de então. 
Publicou Berimbau e Gaita (Poesia humorística. Belém, 1925); Cuia Pitinga (Poesia, 1936); Vespasiano Ramos (Ensaio, 1942); Panela de Barro (1947); e Obras Escolhidas de Jaques Flores (Belém, CEJUP, 1993).
Sua literatura é cheia de humor e sarcasmo. Sem dúvida um autor excepcional!

5. Edyr Augusto

ANTÔNIO TAVERNARD

"Grandes homens suportam grandes dores, os maiores transformam a dor em poesia". Benilton Cruz

É este o caso de Antônio Tavernard, o mais moço dos poetas paraenses, e que não merece ser taxado de “exilado” ou de “mártir” como se reportou Vicente Salles. A alegria em sua poesia supera a dor de ter sofrido, em toda a sua juventude, do mal de Hansen, doença que o vitimou aos 28 anos de idade. Sua poesia contorna toda essa tragédia para transparecer luminosa e alegre, como a dos grandes poetas que fizeram da juventude o seu entusiasmo. É por isso que eu defendo Antônio Tavernard como o poeta de um entusiasmo vital, aquele que faz da poesia uma condutora da humanidade.

Nasceu no dia 10 de outubro de 1908, no mês do Círio de Nazaré e por isso foi batizado com o nome de Antônio de Nazareth Frazão Tavernard. Seu talento para a literatura se revelara quando obtém o segundo lugar no concurso de Contos Nacionais da Revista Primeira. A influência para a literatura vem diretamente de seu pai, leitor de Eça de Queirós, Alexandre Herculano, Machado de Assis, Álvares de Azevedo, dentre outros autores da pequena, mas criteriosa biblioteca.
Foi jornalista, dramaturgo e compositor, além de poeta lírico. Também foi um dos redatores da revista A Semana, uma das mais importantes a circular em Belém na década de 1930.

Principais obras:

Prosa

Fêmea
• Os Sacrificados (está desaparecido e nem mesmo seus parentes sabem onde estão os originais)

Poesia

• Sonetos de Tavernar (Org. Alfredo Garcia) - É possível encontrar em livrarias de Belém-PA
• 1953: Místicos e Bárbaros (publicado postumamente)

Teatro

• A Casa da viúva Costa
• A Menina dos 20 mil
• Seringadela


SALOMÃO LARÊDO

Salomão Larêdo é advogado, jornalista. Mestre em Teoria Literária pela UFPA - Universidade Federal do Pará. Professor, é paraense da Vila do Carmo - Cametá - PA. Escritor influente, um dos nomes mais importantes da cultura amazônica contemporânea com intensa atividade literária e de trabalho pela democratização de acesso aos bens culturais, à promoção do livro e da adoção de bibliotecas, fomentando a leitura e incentivando nova geração de leitores críticos. De suas obras? Entre romances, contos, poemas, memórias e auto ficção, irmanam, naturalmente, o imaginário amazônico. 

Possui uma extensa obra literária. Há quase trinta anos dedica-se à promoção da leitura, empenhado em formar leitores com consciência social crítica e política.

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LINDANOR CELINA

Nasceu em Castanhal-PA, mas, como ela mesmo afirmava, abriu os olhos para o mundo no município de Bragança, Pará. Ao ser transferida para Belém, obteve a primeira colocação no concurso nacional promovido pela Aliança Francesa, instituição da qual era aluna. O tema do teste foi a estação de sua preferência. "Eu não conhecia o outono, mas tinha uma paixão por essa estação porque havia lido o Verlaine, eu já cronicava desde 1954, no jornal Folha do Norte, e este concurso foi em 1957". O prêmio foi uma viagem a Paris, onde mais tarde viveria, com os três filhos para criar e separada. Na Folha, escreveu muitos anos na coluna "Minarete". Conviveu com vários jornalistas, poetas e escritores da cidade, mas quem acreditou no trabalho dela foi Machado Coelho, autor da orelha do romance Breve Sempre, em seguida Dalcídio Jurandir e depois o filósofo Benedito Nunes.
No ano de 1963, publicou seu primeiro livro, o romance Menina que vem de Itaiara. Foi citada como romancista de costumes pelo crítico Afrânio Coutinho, em virtude das "cenas e situações do livro que mostram a boa observação da autora". O Estado de S. Paulo escolhe o romance como "o livro do semestre", marco inicial de uma fecunda trajetória literária, abrindo caminho para Estrada de tempo-foiBreve semprePranto por Dalcídio JurandirA viajante e seus EspantosDiário da Ilha e Eram seis assinalados.
Lindanor foi uma romancista de primeira linha e deixou obras muito ricas e gostosas de se ler. Seus livros hoje só podem ser encontrados em sebos por falta de novas reedições.

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MARIA LÚCIA MEDEIROS

Nasceu e morou em Bragança até os doze anos, quando se mudou para Belém do Pará. Licenciou-se em Letras pela Universidade Federal do Pará (UFPA), onde foi professora e pesquisadora. Estreou na ficção com o livro de contos Zeus ou a menina e os óculos (1988). Depois publicou Velas, por quem? (1990), Quarto de Hora (1994), Horizonte Silencioso (2000) e Céu Caótico (2005).
Um de seus contos, "Chuvas e Trovoadas", foi adaptado para o cinema em um curta da paraense Flávia Alfinito. Neste conto de Maria Lúcia Medeiros, quatro meninas têm aulas de costura nas tardes entediantes que se arrastam nos trópicos da belle époque na Amazônia.
Acometida de uma enfermidade que lhe reduziu os movimentos e lhe tirou a fala, mas não a lucidez e o domínio da palavra, continuou produzindo e mantendo intenso diálogo com seus pares e seus contemporâneos.
Sua escrita lembra um pouco Clarice Lispector, mas com toques próprios e característicos de criatividade que surpreendem o leitor. Vale muito a pena.

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MÁRCIO SOUZA

Márcio Gonçalves Bentes de Souza (Manaus, Amazonas, 1946). Romancista, ensaísta, dramaturgo, cineasta e jornalista. Nasce em Manaus e, ainda jovem, começa a trabalhar como crítico de cinema no jornal O Trabalhista, do qual seu pai é sócio. Em 1965, assume a coordenação das edições do governo do Estado do Amazonas, mas logo em seguida muda-se para São Paulo e ingressa no curso de ciências sociais da Universidade de São Paulo - USP. Perseguido pela ditadura militar, interrompe os estudos em 1969. Regressa a Manaus três anos depois e entra para o Teatro Experimental do Serviço Social do Comércio - Tesc/Sesc, grupo que discute temas ligados à cultura local. Em 1976, assume o cargo de diretor de planejamento da Fundação Cultural do Amazonas e publica seu primeiro romance, Galvez, Imperador do Acre. Publica em folhetins, no jornal Folha de S. Paulo, o romance A Resistível Ascensão do Boto Tucuxi, entre 1981 e 1982. E, após divergências com políticos amazonenses, muda-se para o Rio de Janeiro, em 1983. Preside a Fundação Nacional de Arte - Funarte, entre 1995 e 2002.
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 * * *


É isso, amigos leitores. Com certeza temos diversos outros nomes a acrescentar nessa lista, e eu deveria fazer uma lista também só para poetas da Amazônia. Fica para outra ocasião. Em breve farei uma postagem sobre jovens escritores que se destacam no Estado do Pará. Até logo. :-)

Comentários

  1. PAULO Jacob
    Thiago de Mello

    São dois nome que faltaram

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  2. Se estendessem um pouquinho mais a lista, teríamos o incomparável Vicente Cecim.

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    1. Certamente, Domingas. Vicente Cecim é também um grande expoente da Literatura Amazônica.

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  3. Parabéns pelo seu excelente trabalho de divulgação Escritores Paraense, eu pensei algum tempo atrás em colocar todos os Escritores Paraenses numa lista, ou num e-book da Amazon dos Escritores Paraense para venda a preço de R4 1,99, talvez alguém possa fazer este trabalho por campanha de financiamento coletivo, ou pegar o cadastro da Livraria Fox e liberar numa lista, ou os cadastros da Amazon e da Estante Virtual, ou um formulário do Google dos Escritores Paraenses, além de outros links possíveis, talvez seja uma ótima Política Pública simples para ser implantada, até mesmo algum patrocínio de alguma Empresa. Eu sou um Escritor que queria ver divulgado os meus e-books da Amazon, neste e-book ou lista sugerido, pois o cadastro poderia ser feito a quatro mãos. Quem se habilita? #ficaadica. Obrigado e se desejarem adquiri o meu e-book de como escrever e publicar livros digitais na Amazon o link é: https://amzn.to/2SlDm4L

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